sexta-feira, 27 de maio de 2005

FILME – QUASE DOIS IRMÃOS – RESENHA

Retrato contundente do impasse social brasileiro
Quase dois irmãos, de Lucia Murat, é sobretudo um filme sobre conflitos. Conflito entre dois amigos de infância cujas vidas correram paralelas em similitudes e diferenças. Conflito entre caminhos que, como assinalou Borges, se bifurcam, pontuando a distância que há entre os sonhos que alimentamos e seus desenhos concretos. Conflito, enfim, entre duas épocas – o final dos anos 60, ápice autoritário da ditadura militar, e os dias de hoje, quando o país encurrala-se no impasse aparentemente sem solução do crescente poder e sedução do narcotráfico.
Os dois amigos, no caso, são Miguel (Caco Ciocler) e Jorge (Flavio Bauraqui), que se conheceram ainda crianças devido ao apreço entre seus pais – o do primeiro, um intelectual apaixonado pela cultura popular; o do segundo, um sambista negro e morador do morro. A ponte cultural sugerida já no princípio do filme é, pois, a união possível entre esses dois lados da frágil moeda social brasileira – e também o ponto de partida para a diretora investigar de que maneira acabamos chegando ao dilema que ora nos aflige.
A trajetória de Miguel e Jorge será acompanhada ao longo de suas histórias pessoais, sempre conectadas a um fundo político e centradas em dois momentos básicos: a convivência na Ilha Grande, onde foram enquadrados na mesma Lei de Segurança Nacional - respectivamente por motivos políticos e por assalto - e o reencontro na atualidade, quando um virou deputado federal e o outro, líder do Comando Vermelho. Murat repisa a tese de que o convívio de detentos comuns com os articulados representantes dos movimento de esquerda corroborou para o nascimento do chamado ‘crime organizado’. E renova, agora através da paixão da filha adolescente de Miguel pelo ritmo do funk e por um jovem traficante, o paradoxal vínculo de repúdio e fascínio que fração dos segmentos mais estudados mantém com relação ao que é marginal.
Assim, mais do que fazer um simples recorte a respeito de certos aspectos do Brasil sob a mão pesada dos militares, a diretora expõe dilemas que nos flagelam hoje, com a cisão entre a classe média insegura, refém do próprio individualismo, e o imenso contingente de pobres que, cada vez mais afeitos aos signos do consumo, optam por trocar anos de vida por algum glamour, nem que seja meramente local. Um glamour cujo financiamento é feito pela própria classe média, num moto-contínuo sem freio ou solução imediata. Esse dois mundos, que se esbarram com progressiva freqüência, são muito bem retratados no roteiro, assinado em parceria por Murat e pelo escritor Paulo Lins, ela ex-militante política, ele autor do romance Cidade de Deus.
Com uma competência técnica que (felizmente) não abdica da contundência, Quase dois irmãos explicita a conivência policial, a coexistência compulsória da comunidade com os criminosos, a violência gratuita de quem se crê onipotente, todos estes elementos que contribuem para o mérito do filme de não enveredar por otimismos cândidos, nem apontar dedos para nichos exclusivos. Pelo contrário. Se Murat concede ao Estado sua parcela de culpa, em contrapartida não livra a cara o indivíduo - cuja imagem, na produção, faz lembrar a “superfluidade” conceituada pela grande Hannah Arendt. Uma imagem que esboça impotência acomodada, como se nada que se diga, se queira ou se faça vá importar para a sociedade.
Entre as atuações, destaque para os elencos dos grupos Nós do Morro e Nós do Cinema, que representam os jovens do tráfico, e para Flavio Bauraqui, no ponto exato como o estrepitado Jorge. Merece citação a sensacional seqüência em que, diante da lancinante dor-de-cotovelo do amigo, ainda dentro da prisão, Jorge o consola, e consegue transformar a situação essencialmente dramática numa verdadeira catarse. O trabalho de Ciocler é prejudicado pelos traços um tanto estereotipados do militante de esquerda sessentista. Isso, embora seja possível especular se alguns deles não constituíam de fato estereótipos em si.
Em meio a tantas qualidades, é preciso salientar que Quase dois irmãos por vezes esbarra no didatismo e chega a abusar de metáforas à beira do lugar-comum. Um bom exemplo é a passagem em que os detentos da Ilha Grande propõem – e constróem – um muro que a partir de determinado momento dividirá o pavilhão entre presos políticos e os presos comuns. Desnecessária, a alegoria acentua o que já está bastante claro para o espectador.
São, entretanto, problemas menores num filme tão urgente quanto o estado de coisas que, mais do que apenas denunciar, procura compreender, numa abordagem à beira do documental, muito valorizada pela fotografia de Jacob Solitrenick. A câmera na mão possibilita a agilidade e o vigor adequados à trama. E, em alguns momentos, se permite vôos para além do realismo. É o que acontece num plano-síntese no qual Jorge, já alçado ao comando do tráfico, descansa em sua cela, coberto pela sombra das grades em contraluz. Sugestão sutil de que dentro da atual perspectiva não há liberdade possível; de que sua clausura estende-se para além do presídio, e o acompanhará aonde esteja ou para onde vá. Assim como a de Miguel. E infelizmente, talvez, como a de cada um de nós


sexta-feira, 22 de abril de 2005

MINI PROJETO DE ESTUDOS INDÍGENAS

Objetivos:
- Conhecer e refletir sobre a história dos índios;
- Conhecer, analisar e debater os hábitos e costumes indígenas;
- Conhecer, analisar e debater a influência indígena em nossa vida;
- Aprender a respeitar os índios com a finalidade de construir a cidadania numa sociedade pluriétnica e pluricultural;
- A partir do tema gerador desenvolver atividades nas diferentes Áreas de Estudo.

Objetivo Proposto nos PCN’S de interesse no presente projeto:
- Conhecer e Valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais.

PLANEJAMENTO:
Propostas de Atividades que trabalharão os temas transversais: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural e Cidadania.

Sensibilização:
- Propor aos alunos que pesquisem e levem para sala de aula recortes de fotos de pessoas que possam parecer descendentes indígenas. Com todas as fotos em mãos, o professor em círculo analisará juntamente com os alunos cada foto. Procurando incentivar para que todos dêem sua opinião. Em um segundo momento listar em um cartaz os conhecimentos que os alunos já tem sobre o assunto ( Conhecimentos Prévios ).
- Provocar os alunos a se expressarem, fazer indagações e ir registrando em um cartaz. Logo em seguida, em um outro cartaz, listar as dúvidas provisórias dos alunos, ou seja, perguntar o que desejam saber sobre o tema e ainda não sabem, novamente provocar os alunos a fim de lançarem suas dúvidas.
Por último, propor que os alunos ilustrem os cartazes com fotos e desenhos.

Propostas de Atividades de Integração das Áreas de Estudo:
GEOGRAFIA:
- Localizar em Mapa ou Globo Terrestre pontos do território nacional onde ainda vivem tribos indígenas;
- Comparar o modo de vida dos índios de outras regiões com o modo de vida dos índios que ainda habitam a floresta amazônica, o pantanal mato-grossense, as praias nordestinas, o sudeste brasileiro e os assentados em áreas urbanas.

HISTÓRIA:
- Reconhecer os modos de vida dos índios, sua cultura, sua alimentação, formas de trabalho e sobrevivência;
- Refletir e opinar sobre o papel do índio na formação da nação brasileira

LINGUÍSTICA:
- Levantar o vocabulário usado pelos indígenas e descobrir seus significados;
- Produzir, utilizando diferentes formas de expressão, textos individuais e coletivos sobre os debates e as reflexões do assunto;
- Orientar os alunos para elaborarem pequenos textos sobre cada descoberta realizada;
- Ler histórias originalmente indígenas ou que tratem do indígena e seus valores;
- Organizar um dicionário ilustrado com as palavras indígenas.

ARTES:
- Observar manifestações de arte da cestaria, da cerâmica, da plumaria e de outros objetos de cerdas vegetais e cordas, realizados pelos índios de hoje e de antigamente;
- Observar ilustrações de artistas do tempo do Brasil – Colônia que retrataram o indígena e suas manifestações culturais;
- Vivenciar através de músicas sobre o tema um pouco da cultura indígena – cantando e dramatizando;
- Vivenciar através de atividades artísticas manuais e plásticas um pouco da cultura indígena, criando objetos e instrumentos musicais.

Formulação de Problemas:
- Questionar em classe:
- Ainda existe preconceito com os índios?
- O que as crianças sabem, pensam e acham sobre isso?
- O que podem e o querem fazer para ajudar a mudar o quadro dos preconceitos e discriminação?
- A culinária indígena é usada na cozinha brasileira? Como?
- Ainda são encontrados locais de agrupamentos e reservas indígenas?
- Quais são essas tribos? Como vivem? Como se mantêm? Quais os seus atuais costumes?
- Quais são as palavras e costumes de origem indígena?
- Há influência dos índios na Língua Brasileira?
- Há influência dos índios no artesanato?
- Há influência dos índios na medicina caseira? E nos adornos pessoais?